Post final e definitivo de DEPRECIAÇÃO a Rachel Sheherazade

Por Jéssika Mayara e Douglas Carvalho
O povo brasileiro se encontra num momento em que já está tão descrente no Estado e nas pessoas, está tão perdido nesse país, a certeza de impunidade é tão grande, que hoje tudo é permitido. Quando isso acontece, a razão perde a vez, e a emoção abre a boca. O problema é que, muitas vezes, abre a boca pra vociferar abobrinhas. Rachel é a prova viva de como certas pessoas deveriam aprender a guardar sua opinião pra si.

Nas últimas semanas, um acontecimento no mínimo cruel chocou a população brasileira, criando opiniões um tanto quanto polêmicas e divergentes. Um adolescente negro e menor de idade foi amarrado a um poste com uma corrente de bicicleta, agredido, sofreu um corte na orelha e humilhações, acusado de furtar bicicletas no bairro do Flamengo, no Rio. Tudo isso por pessoas que se intitularam “Os justiceiros”. Essas pessoas “em nome da justiça” atentaram contra a vida de um menor, só porque o garoto parecia suspeito (conhecido também por negro e pobre).

Foi neste pelourinho improvisado que, em pleno século 21, uma ativista social encontrou este garoto nu e linchado que, atormentado e com medo de sofrer ainda mais, “fugiu” sem olhar pra trás, o que na verdade não aconteceu, sendo esclarecido mais tarde que o garoto se escondeu em um abrigo e não havia sido reconhecido até então.

Logo depois do acontecido, perdendo a maravilhosa oportunidade de ficar quieta, a “jornalista” Rachel Sheherazade nos vêm com uma das suas expressivas e infelizes opiniões. Opinião essa, que é extremamente seletiva, pois enquanto que  para o Justin Bieber, que nasceu em berço de ouro, teve maravilhosas oportunidades na vida e a melhor educação possível isso é só uma fase, adolescência, a gente tem que pegar leve, para o outro garoto, menor,  brasileiro, pobre e provavelmente sem muita escolaridade  a agressão, a humilhação e o açoite são formas de legítima defesa dos homens de bem dessa sociedade e são atos, segundo a “jornalista”, compreensíveis. Confere no vídeo abaixo:



OBSERVAÇÃO: o texto a seguir contém conteúdo impróprio para pessoas de mente fraca, ignorantes, insensíveis e fúteis.

Eu atiro a primeira pedra sim, pois nunca fui rebelde sem causa, nunca vandalizei contra lugares e pessoas em busca de encontrar o meu eu interior, nunca questionei os meus valores, porque minha mãe me criou muito bem, obrigada.

Não consigo entender quando você diz que Bieber passa por conflitos, e apresenta agressividade. Passou pela sua cabeça fechada, conservadora e ultrapassada que o garoto açoitado, também é adolescente? Que no momento em que ele mais precisava de alguém pra orientar, ele teve a discriminação da sociedade (essa mesma que você disse defender). 

Porque ao invés de chamar alguém, cuja vida você não sabe nem um por cento, de marginalzinho em rede nacional, você não sai dessa sua zona de conforto? Se levante desse lugar em que você amargamente expressa sua opinião, dessa mesinha de âncora de jornal sensacionalista, e não faz alguma coisa realmente útil?

Que você tenha decência e culpe a falta de oportunidade que esse garoto sofreu na vida. Culpe a falta de emprego, a falta de educação. Saia do seu condomínio de luxo e abra os olhos, pare de defender playboyzinhos marginais como Justin Bieber, e defenda a humanidade dos seus iguais.

É indiscutível que vivemos em um país onde a violência é crescente e que a banalização da vida se torna cada dia maior. Num país onde problemas de trânsito levam à morte de famílias inteiras. No entanto, nada disso justifica tentar acabar com violência utilizando violência. Eu te pergunto, Rachel, uma coisa realmente justifica a outra? Ou será que na sua opinião desprezível, esses "homens de bem" chamados por você de Vingadores (que não passam de homicidas em potencial) não podem ser igualados ao menor “marginalzinho”, pois eles representam o povo, povo que como você diz mora em um país onde “o Estado é omisso. A polícia, desmoralizada. A Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem, que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, claro! O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite”.

E será que você poderia fazer o favor de pesquisar a diferença entre LEGÍTIMA DEFESA e um ato de REVIDAR? Não há justificativa pra essa barbárie. Pra esse ato medonho. Não, Rachel, não me coloque no meio do povo que você diz estar se defendendo. Isso foi um ato de revide, e pelo que eu sei o código penal diz o seguinte: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: detenção, de 15 dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência”. 
O que você me diz, Rachel? Na falta de uma autoridade, próxima, faça justiça com suas próprias mãos?

É um absurdo SIM que menores de idade possam praticar crimes hediondos como assassinatos, roubos, tráfico de drogas e saírem impunes. Mas é um absurdo de tamanho igual ou maior, que tais atos sejam reprimidos com violência e crueldade. O absurdo é alguém abrir a boca e dizer que os agressores são os nossos “vingadores”. Pior ainda é ler os comentários de pessoas cujas cabeças tem mais vento que pastel de rodoviária, bradando seu orgulho por ter essa moça mimada de nome estranho e pseudointelectual defendendo a opinião que (dizem eles) o povo brasileiro guarda tão calado e oprimido dentro de si?

Alguém os avise que isso é generalização? Alguém os avise que nem todo brasileiro pensa dessa maneira primitiva?  Alguém os avise que a opinião deles e dela (a mais desprezível) não me representa? Que não expressa os sentimentos de brasileiro que eu carrego comigo? É muito fácil falar bonito, Sheherazade.

E se você me diz que ele não pode pagar por seus atos pois a justiça nesse país é falha, sinto informar que isso é culpa do próprio povo, que vota cegamente, elege qualquer um (Marcos Feliciano, seu amigo,  manda um alô) pra nos defender. Culpe o “povo de bem” e não o marginalzinho. Culpe a justiça e não o “escravo moderno açoitado em praça pública”. Culpe os governantes. E não o morador da periferia. Culpe a hostilidade de quem vê um morador de rua e o trata feito um animal, ao invés de oferecer algo pra tornar o dia dessa pessoa um pouco melhor. Culpe a indiferença com que você, eu, todo mundo muitas vezes tratam pessoas menos afortunadas.

Porém, o que me irrita mais não é o  fato dessa moça expressar sua opinião. O que me irrita não é o fato dela fazer um infeliz comentário atrás de outro. Isso é um direito garantido do povo, direito que ela defende com unhas e dentes, a liberdade de expressão. Estamos num país democrático, onde você pode expressar sua opinião como, quando e onde quiser. O que me irrita, é essa jornalistazinha mascarar seus preconceitos e crenças atrás de uma interpretação forte e de palavras bem formuladas. É ela ser uma pessoa retrógrada, e ultraconservadora e, em seguida, maquiar sua opinião preconceituosa, tentar sutilmente impor sua crença e opinião nada justa na cabeça das pessoas, com frases imbecis como “tenho amigos gays de descendência africana”. Porque simplesmente essa pessoa não assume seu preconceito e fascismo ao invés de jogar um falso progressismo nos seus “amigos”? O que me irrita é o fato dessa pessoa que diz ser tão piamente religiosa, cristã, defensora dos evangélicos e cristãos tão perseguidos por ateus e defensores de um Estado Laico (alguém diz pra ela também que pra ser defensor do Laicismo independe de religião) se contradizer ao se achar tão melhor que qualquer ser humano, se acha tão digna de defender um ato de mutilação, açoite e crueldade. Cadê a sua religião moça? Ou será que você seleciona a hora de usar sua religião do mesmo jeito que você seleciona quem é marginal e quem não é, na hora que lhe convém?


E quanto a sua campanha, adote um bandido, comece você adotando os homicidas que você mesma intitulou de vingadores. Ou melhor, não faça nada apenas fique  mais de boca fechada. A sociedade agradece.

Postagens mais visitadas